Um dos objetivos da Agência Internacional de Energia para o ano de 2050 é a emissão zero de gases do efeito estufa (GEE) visando amenizar as mudanças nos efeitos climáticos [4]. O setor de transportes é o que mais emite CO2 no Brasil, correspondendo a 49,7% da emissão total em 2022 [2], sendo que cerca de 78,5% do setor consome combustíveis fósseis [1] e 21,5% em combustíveis renováveis [2]. Neste contexto, o hidrogênio verde produzido a partir da eletrólise da água ou biomassa ganha destaque, visto que não há a formação de dióxido de carbono (CO2) durante sua produção [3]. Neste sentido, pesquisas que contribuem para a descarbonização do setor de transportes são crescentes, visando buscar novas abordagens em relação aos combustíveis, como por exemplo, a adição de hidrogênio na composição do GNV e biometano, objetivando-se o aumento de potência e diminuição das emissões.
O objetivo deste trabalho é avaliar a influência do coeficiente de excesso de ar (λ) e a porcentagem de H2v no GNV e biometano nos parâmetros de desempenho e emissões de um motor turboalimentado bi-fuel. Desta maneira, pretende-se encontrar qual máximo de H2v que deve ser inserido no motor e qual a influência do excesso de ar neste caso. Assim podendo auxiliar teste experimentas futuros neste motor
A metodologia empregada para este estudo se iniciou com a validação do motor bi-fuel operando com GNV, utilizando o software comercial GT-SUITE®, para assim, validá-lo a realizar as demais análises. Inicialmente, escolheu-se 3 rotações (2000, 2500 e 3000 rpm) para o estudo, em plena carga e 50% da carga, e avaliou-se a influência do coeficiente de excesso de ar, variando-o de λ=0,8 até λ=1,2. Posteriormente, analisou-se a adição de H2v no GNV e no biometano, visando melhorar a potência e reduzir as emissões. Nesta análise também será levado em consideração qual seria a porcentagem máxima de adição de H2v, visando a segurança e disponibilidade. Além dos parâmetros de desempenho, as emissões que este trabalho analisou foram: CO2, NOx e CH4. Realizou-se a validação do modelo comparando potência, torque e emissão de CO, obteve-se erros até 5% nas rotações mencionadas.
Dessa forma, o estudo sobre a adição de H2v no GNV e, principalmente, no biometano é inovador, dado o enfoque na descarbonização do setor de transportes brasileiro. A adição de H2v se apresenta como uma alternativa promissora para aumentar a potência na utilização do biometano e diminuir as emissões de CO. Em relação à mistura com GNV, espera-se uma redução na emissão de CO2 fóssil e CO. Mediante o exposto, a utilização de outros biocombustíveis no setor de transporte para o cenário brasileiro se tornam mais atrativos por ter um alto potencial de produção destes, além de poucas modificações nos motores.